quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Curso de Pós Graduação Latu Sensu em Psicopedagogia


http://www.odilon.ca/images_pdh/VYGOTSKY.jpg
Abordagem sobre as teorias de Vygotsky


Psicólogo belarusso, Lev Semionovitch Vygotsky, era formado em direito pela Universidade de Moscou em 1918, e em consonância com o período acadêmico estudou, também, literatura e história.

Foi fundador da Escola Soviética de Psicologia, principal corrente, que hoje dá origem ao socioconstrutivismo. Embora sua curta vida, pois morreu aos 37 anos vitima de tuberculose, foi autor de uma importante obra, Pensamento e Linguagem, que ganharam dimensão graças a seus colaboradores, Luria e Leontiev, que disseminaram os seus textos, consagrando-o em um grande teórico da educação.

Vygotsky reescreve a psicologia, com base no materialismo marxista, após vivenciar a Revolução Russa em 1917, sendo que o seu projeto almejava construir uma teoria da educação adequada à nova realidade social emergida da revolução. Atualmente as teorias de Vygotsky sobre o homem construído/construtor em sua dimensão histórica e social ganham mais força em oposição às idéias sobre o desenvolvimento humano calcadas em uma dimensão biológica.

Dedicou-se ao estudo das funções psicológicas superiores, tipicamente humanas. Ao longo do processo de desenvolvimento, o indivíduo deixa de necessitar de marcas externas e passa a utilizar signos internos, que constituem as representações mentais, e que substituem os objetos do mundo real. Os signos internalizados são como marcas exteriores, elementos que representam objetos, eventos, situações. O homem é capaz de operar mentalmente sobre o mundo: planejar, estabelecer relações, compreender, associar. A capacidade de lidar com representações que substituem o real possibilitam ao homem libertar-se do espaço e do tempo presentes, efetuar relações mentais na ausência das coisas, imaginar e planejar intencionalmente. Ao trabalhar com processos superiores, as representações mentais da realidade exterior são na realidade, os principais mediadores a serem considerados na relação do homem com o mundo (Oliveira, 2001).

Sua teoria tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico. Para ele, a construção do homem se dá em um processo dialético e continuo decorrente das relações que se estabelecem em determinado grupo social e em um dado momento histórico. Por essas relações o homem se transforma e transforma a realidade que o cerca, reciprocamente.

Essa concepção supõe um caminho em direção à identificação e análise dos mecanismos mediante os quais ocorre o conhecimento. O autor investiu na busca de uma síntese não entendida como justaposição ou soma, mas como a emergência de algo novo, anteriormente inexistente. A emergência do novo supõe um processo de transformação, que gera novos fenômenos. A visão de Vygotsky busca uma síntese que integra, em uma mesma perspectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e social, enquanto membro da espécie humana e participante de um processo histórico.

Vygotsky apresenta três idéias centrais como sendo os pilares de seu pensamento: as funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral; o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre indivíduo e meio; a relação homem-mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos. O cérebro como órgão material é a base biológica do funcionamento psicológico apóia-se em uma das premissas da psicologia humana: enquanto espécie biológica, o homem possui uma existência material que define limites e possibilidades para o seu desenvolvimento. É um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são modelados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.

Assim, o modelo socioconstrutivista, apoiadas às concepções de vygotsky, defende que a construção do conhecimento humano, esta ao longo do seu desenvolvimento, segundo seus princípios, na sociedade, na cultura e na sua história. Logo as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do individuo, é resultado das atividades praticadas de acordo com seus hábitos sociais na cultura a qual esta inserido.

Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem exerce papel crucial na determinação de como a criança vai aprender a pensar. Pensamento e linguagem formam um todo individual, apesar de diferirem em suas gêneses. Diz ele, que a lógica formal dicotomiza esse dois elementos, ao afirmar que um conceito é adquirido pelas percepções básicas que temos do objeto a ser conhecido.

Dessa forma, a criança mescla em sua mente uma serie de percepções e imagens concretas, sendo da superposição dessas representações separadas que são estabelecidas as características gerais do objeto a ser conceituado como resultado final. Isto funciona num processo dialético, em que algo ganha significado, à medida que torna-se compreensível, ou seja, que saia do nível interpsicológico (entre pessoas) e vá para o intrapsicológico ( dentro de si mesmo). E ainda, o pensamento se verbaliza e a linguagem torna-se racional, originando então, novos conceitos, o que caracterizam o desenvolvimento intelectual.

Para compreender o desenvolvimento intelectual, é preciso considerar um elemento importante na teoria de Vygotsky, que é a Zona de Desenvolvimento Proximal, a que conceitua em, a distância entre o nível de desenvovolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro. Quer dizer, é a série de informações que a pessoa tem a potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis. O nível de desenvolvimento real é dinâmico, aumenta dialeticamente com os movimentos do processo de aprendizagem. O desenvolvimento potencial é determinado pelas habilidades que o indivíduo já construiu, porém encontram-se em proceso.

O processo de aprendizagem pode ser definido de forma sintética como o individuo adquire novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos político-ideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber.

Segundo Vygotsty (1978), uma característica essencial do aprendizado é que ele desperta vários processos de desenvolvimento internamente, os quais funcionam apenas quando a criança interage em seu ambiente de convívio, esses conhecimentos são características por ações de ordem prática e simples da vida cotidiana. Com eles, a criança é capaz de estabelecer relações entre objetos e o mundo em que a cerca, entretanto não é capaz de formular generalizações ou abstrações. Estas são produzidas a partir dos conceitos científicos que são posteriores, produzidos, principalmente nas interações escolares e dependentes do cotidiano. Apesar das diferenças entre esses dois conceitos eles se relacionam e se influenciam mutuamente, fazendo parte de um único processo que é o desenvolvimento da formação de conceitos do sujeito.

Portanto, o contexto escolar é visto como um lugar social privilegiado para o desenvolvimento dos conceitos científicos, e o professor exerce papel fundamental neste desenvolvimento, pois é mediador deste conhecimento, pautado pela interação.








Nenhum comentário:

Seguidores

Veja a Hora

Calendário 2010